Portugal voltou a mergulhar numa tempestade política e mediática que, desta vez, ultrapassou fronteiras e ganhou contornos diplomáticos. O epicentro da polémica tem novamente nome e rosto: André Ventura. Em poucos dias, o líder do Chega conseguiu incendiar o debate público com uma campanha visual agressiva que muitos consideram a mais provocadora até agora.

Durante o fim de semana, começaram a surgir outdoors espalhados por vários pontos do país, exibindo André Ventura lado a lado com a frase “Isto não é o Bangladesh”. As imagens foram rapidamente divulgadas nas redes sociais pelo próprio presidente do partido e por dirigentes próximos, tornando-se virais em questão de horas. O impacto foi imediato: indignação, choque, aplausos de apoiantes e uma avalanche de críticas que rapidamente escalaram para um nível inédito.
Segundo observadores políticos, Ventura “rasgou qualquer limite” e optou deliberadamente por uma estratégia de confronto total. O que poucos antecipavam era que a polémica chegaria ao plano diplomático. A Embaixada do Bangladesh em Lisboa reagiu oficialmente, anunciando que iria contactar “as autoridades apropriadas” para pedir explicações sobre os cartazes. A reação foi tornada pública através das redes sociais da embaixada, numa mensagem inicialmente publicada em bengali, onde também se apelava aos cidadãos bengalis residentes em Portugal para que mantivessem a calma, numa tentativa clara de conter tensões.
Nos bastidores, fontes diplomáticas admitem desconforto e surpresa, sublinhando que este tipo de linguagem política pode ter consequências sérias nas relações internacionais. A polémica ganhou ainda mais força quando se soube que a frase utilizada nos outdoors teve origem numa canção criada com recurso a inteligência artificial, lançada nas redes sociais em setembro e amplamente partilhada em círculos radicais. O salto dessa linguagem digital para o espaço público físico foi visto como um passo calculado — e altamente inflamável.
Enquanto o país se divide entre quem considera a campanha “corajosa” e quem a classifica como “perigosa”, uma coisa é certa: André Ventura voltou a dominar o espaço mediático, desta vez não apenas como figura política, mas como protagonista de um caso que mistura propaganda, desinformação e diplomacia internacional. E tudo indica que esta polémica está longe de terminar.