A notícia caiu como um golpe silencioso, mas devastador, no mundo das artes e da televisão portuguesa. Estrela Novais morreu, aos 70 anos, numa despedida tão discreta quanto inesperada — durante o sono, numa noite que ninguém imaginava ser a última. A confirmação foi feita pela CNN Portugal, depois de o ator Ricardo Castro ter avançado a informação nas redes sociais, abrindo uma ferida profunda entre colegas, alunos e admiradores.
O simbolismo da data tornou tudo ainda mais doloroso. Estrela Novais partiu no dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher — precisamente o dia que mais estimava e que representava tudo aquilo por que lutou ao longo da vida. “Foi uma mulher de luta”, sublinhou Ricardo Castro, visivelmente abalado. Uma lutadora até ao fim, mesmo quando o corpo já dava sinais de cansaço.
Diagnosticada recentemente com cancro na laringe, a atriz preparava-se para iniciar tratamentos. Já não conseguia verbalizar, mas, segundo quem lhe era próximo, mantinha o ânimo, o humor mordaz e a força que sempre a definiram. “Era uma mulher nova por dentro, com um sentido de humor fabuloso e uma espinha dorsal incrível”, revelou o ator, acrescentando que ninguém esperava um desfecho tão abrupto. Nos bastidores, fala-se de um choque total: Estrela parecia frágil fisicamente, mas indomável no espírito.
Com uma carreira marcada por inúmeras participações em novelas da TVI, a atriz deixou a sua última marca em “Queridos Papás”, cuja exibição terminou a 2 de março. Interpretava Sofia, numa personagem que agora ganha um peso quase premonitório. Estrela Novais faria 71 anos no próximo dia 13 de março — um aniversário que já não chegou a celebrar.
Para além da televisão, o seu legado estende-se às salas de aula. Ricardo Castro recorda-a como sua professora de Expressão Dramática, na Escola D. Pedro V, onde Estrela continuava a ensinar até há pouco tempo. Foi ali que inspirou gerações, empurrou talentos para os palcos e incutiu coragem a quem duvidava do próprio caminho.
Estrela Novais partiu em silêncio, mas deixa um eco impossível de calar. Uma atriz, uma professora, uma mulher indomável, que lutou até ao último fôlego — e que agora se despede, ironicamente, no dia que mais celebrava.
